Direita vs Esquerda – Uma questão geracional?
O espaço político português é hoje consequência de 30 anos de democracia. Os
partidos ditos de direita ou esquerda nasceram com base numa fixação ideológica perfeitamente desenquadrada e desadequada
da realidade actual. Ser comunista ou fascista eram classificações frequentemente usadas no pós 25 de Abril de 1974.
Ainda hoje, para aqueles que acreditam que o muro não caiu, estas expressões
são utilizadas com o mesmo intuito – radicalizar posições, infernizar debates, descredibilizar pensamentos, condicionar
a mudança… E isto, parte tanto de “gente dita de direita” como de “gente dita de esquerda”!
Felizmente, Portugal está no bom caminho: o do progresso! Progredir significa
evoluir com ganhos sociais, económicos, culturais e políticos. É isso que a social democracia objectiva. O povo português
tem-se mantido fiel à linha de pensamento de Francisco Sá Carneiro. Na verdade, ser social democrata não é estar à direita
ou à esquerda no espaço ou no pensamento político. Por isso mesmo, o PPD/PSD tem sido o partido que, nos últimos 30 anos,
consegue estar mais vezes e mais tempo no poder. Isto só acontece porque os portugueses se identificam com a nossa cultura
e confiam na via social democrata para atingirmos os desígnios nacionais.
No entanto, é chegada a hora de todos reflectirmos sobre o nosso futuro colectivo.
Grandes questões são hoje discutidas e pensadas, graças ao actual reformismo do governo laranja. Questões para as quais se
quer encontrar solução: a sobrevivência da segurança social, o(s) sistema(s) educativo(s), o “aparelho” fiscal,
a “máquina” da justiça, o “elefante branco” da saúde e o aproveitamento dos recursos nacionais, serão
desígnios nacionais dos quais irão depender os sucessos nacionais futuros.
É nesta lógica de focalizarmos o essencial para o nosso futuro colectivo que
surge a grande questão: Interessa distinguir entre direita e esquerda para concretizarmos políticas conducentes a estes objectivos?
Será este um desafio da direita ou da esquerda?
Pela lógica da evolução educativa em Portugal, dir-se-ia que o grande desafio
está nas mãos daqueles que estão melhor preparados para o enfrentarem. Quer queiramos, quer não, é a nossa geração que apresenta
maiores níveis de alfabetismo, formação superior e/ou especializada, o que faz de nós os responsáveis pelo futuro nacional.
Caberá a cada um de nós fazer prova de que “os jovens são o futuro do amanhã” e de que Vicente Jorge Silva se
equivocou quando escreveu sobre nós, há 10 anos atrás, no seu editorial de “O Público”, apelidando-nos de “geração
rasca”. A lógica foi e sempre será outra: pormos muita gente à rasca…
A luta entre a (dita) direita e a (dita) esquerda, darão lugar a uma verdadeira
luta de gerações, mentalidades, culturas, ambições, visões e paixões! É aqui que estará o verdadeiro caminho da mudança para
Portugal! O aproveitamento das sinergias geradas pelas experiências vividas por diferentes gerações, é, com toda a certeza,
mais útil na identificação de soluções colectivas, quando comparado com as que provêm da multidão de deputados que discutem
esquerda e direita na Assembleia da República!
Pedro Salvador
21/01/2004